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Insensibilidade e falta de empatia podem sinalizar um transtorno psíquico

Saúde Mental e Bem-Estar, Por Andréa Ladislau, Psicanalista

Em 01/06/2023 às 15:21:57

No ambiente de trabalho ou no dia-a-dia, as relações pessoais exigem muito do ser humano. Dentro destas exigências está a necessidade em ser empático, sensível, além de estar sempre colocando em prática a responsabilidade afetiva que o outro merece e que nós também merecemos.

Ser sensível à dor do outro tem a ver com a capacidade do ser humano em ser solidário, uma característica que deveria ser intrínseca, visto que faz parte do instinto de sobrevivência das espécies.

Porém, ao longo de nossa vida e, considerando o histórico da construção das relações interpessoais, nos deparamos com indivíduos insensíveis emocionalmente a tudo ao seu entorno.

No terreno das emoções, não existe uma receita de bolo que será idêntica para cada ser humano, porém o excesso de dor pode gerar um ser rígido ao ponto de, drasticamente, tornar-se um ignorante afetivo.

Além disso, por temor ao sofrimento, alguns podem tornar-se ainda mais insensíveis e frios. Esta habilidade está ligada ao instinto de autopreservação que é inerente a todo ser humano. Ela busca tornar a pessoa invisível para que não seja confrontada por sua falta de solidariedade.

Enquanto isso, outros podem possuir uma genuína dificuldade em demonstrar carinho ou expressar emoções pelo simples fato de que isso não foi aprendido por eles, ou então não tenham sido preparados ao longo de sua vida: não recebeu carinho, não se sentiu acolhido e não teve a experiência da empatia.

Porém, as causas para a insensibilidade podem ir além das complexidades dos relacionamentos humanos. Indivíduos apontados como frios ou racionais podem estar sofrendo de um transtorno psicológico chamado Alexitimia ou Analfabetismo Emocional. Eles não conseguem distinguir sensações corporais, como a fome e dores físicas, das angústias emocionais como, por exemplo, a ansiedade.

São incapazes de manifestar ou descrever sentimentos próprios e muito menos possuem, no rol de suas habilidades, condições para lidar com as emoções alheias. Gerenciar emoções ou verbalizar seus conflitos psicológicos não são ações rotineiras para um Alexitimico. Ele responde às adversidades de maneira corporal e não por palavras. Ou seja, se ele não entende sua dor, como irá compreender a do outro? Se não alcança o real sentido do afeto, como poderá dar esse carinho para quem necessita?

O desafio é auxiliar o Alexitimico a construir, de forma consciente, mecanismos e estratégias para que possa identificar o que sente, transformando isso em palavras e, consequentemente, diferenciando suas emoções através do autoconhecimento. Posto isto, será capaz de formular uma identidade fortalecida que permitirá o trânsito eficiente e com menos embaraços nas relações sociais que possa vir a atrair para sua vida.

Enfim, o que temos de ter em mente é que a desordem emocional e mental que leva uma pessoa a ser insensível à dor do outro, pode ser muito mais que uma simples frieza, egoísmo ou animosidade. A realidade é que pode ter um grande sofrimento psíquico envolvido nesse contexto, evidenciado por uma dor interna que impossibilita a interação empática natural. Ao identificar uma pessoa com características relativas a um analfabeto emocional, tenha paciência e oriente na busca por ajuda de um profissional experiente, que possa auxiliar na definição correta de seu estado patológico e também na classificação adequada das condições de vulnerabilidade psicológica em que ela se encontra.


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